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sexta-feira, agosto 26, 2005

Fadinha o quê?

-Vai me enterrar na areia?
-Não, não, vou atolar.


Saudações batísticas a todos.
No último post, nossa querida, velha e amada amiga Bub's descobriu nosso pequeno blog. Pois em verdade lhe digo, Bruna: EU NÃO SOU O ÚNICO CULPADO... O MÉFIUS E O LIPÍDIO TAMBÉM POSTAM!
Ah, que alívio... nada como recuperar sua reputação, não é mesmo?

Pois estive pensando...
Sabem do que sinto falta?
Daquelas nossas botecagens-moleque, aquelas saudosas botecagens de várzea, daquelas que se travava com ou sem limão, sabem? É, aquelas.
Oh, saudades.

Bem, mas falemos amenidades.

Estava eu navegando deveras feliz e contente pela internet quando me deparei com um certo produto à venda; trata-se de um livro de Hilda Hilst intitutlado "Bufólicas". Parece ser, definitivamente, impagável. Recomendo lerem a "sinopse" feita sobre o livro no próprio site. Bem, trata-se de uma seleção de poemas. Pérolas como "O Reizinho gay" que abrilhantam contos infantis.
Histórias inusitadas; o rei, mudo, tem um sexo descomunal; a rainha, cujo sexo não tem pêlos, entrega-se faminta ao mascate peludo; a maga redige metodicamente o diário de suas perversidades; Chapeuzinho cafetina o lobo, sodomizado às escondidas pela avó.
Não pude resisitir e procurar algumas dessas pérolas na internet...
...E EIS QUE ACHEI...

FILÓ, A FADINHA LÉSBICA

Ela era gorda e miúda.
Tinha pezinhos redondos.
A cona era peluda
Igual à mão de um mono.
Alegrinha e vivaz
Feito andorinha
Às tardes vestia-se
Como um rapaz
Para enganar mocinhas.
Chamavam-lhe "Filó, a lésbica fadinha".
Em tudo que tocava
Deixava sua marca registrada:
Uma estrelinha cor de maravilha
Fúcsia, bordô
Ninguém sabia o nome daquela cô.
Metia o dedo
Em todas as xerecas: loiras, pretas
Dizia-se até...
Que escarafunchava bonecas.
Bulia, beliscava
Como quem sabia
O que um dedo faz
Desde que nascia.
Mas à noite... quando dormia...
Peidava, rugia... e...
Nascia-lhe um bastão grosso
De início igual a um caroço
Depois...
Ia estufando, crescendo
E virava um troço
Lilás
Fúcsia
Bordô
Ninguém sabia a cô do troço
Da Fadinha Filô.
Faziam fila na Vila.
Falada "Vila do Troço".
Famosa nas Oropa
Oiapoc ao Chuí
Todo mundo tomava
Um bastão no oiti.
Era um gozo gozoso
Trevoso, gostoso
Um arrepião nos meio!
Mocinhas, marmanjões
Ressecadas velhinhas
Todo mundo gemia e chorava
De pura alegria
Na Vila do Troço.
Até que um belo dia...
Um cara troncudão
Com focinho de tira
De beiço bordô, fúcsia ou maravilha
(ninguém sabia o nome daquela cô)
Seqüestrou Fadinha
E foi morar na Ilha.
Nem barco, nem ponte
O troncudão nadando feito rinoceronte
Carregava Fadinha.
De pernas abertas
Nas costas do gigante
Pela primeira vez
Na sua vidinha
Filó estrebuchava
Revirando os óinho
Enquanto veloz veloz
O troncudão nadava.
A Vila do Troço
Ficou triste, vazia
Sorumbática, tétrica
Pois nunca mais se viu
Filó, a Fadinha lésbica
Que à noite virava fera
E peidava e rugia
E nascia-lhe um troço
Fúcsia
Lilás
Maravilha
Bordô
Até hoje ninguém conhece
O nome daquela cô.
E nunca mais se viu
Alguém-Fantasia
Que deixava uma estrela
Em tudo que tocava
E um rombo na bunda
De quem se apaixonava.
Moral da estória, em relação à Fadinha:
Quando menos se espera, tudo reverbera.
Moral da estória, em relação ao morador
da Vila do Troço:
Não acredite em Fadinhas.
Muito menos com cacete.
Ou somem feito andorinhas
Ou te deixam cacoetes.
( Bufólicas - 1992)


Ah, e quase me esqueci...
As ilustrações do livro são do infame Jaguar...


Os senhores tirem suas próprias conclusões.

1 Comments:

Blogger Pedro Ferrari said...

Vixi, não tinha pensado nessa hipótese, caríssimo Méfius...
Agora é q fodeu (oops, novamente)

7:06 PM  

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