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...porque o basquete é duro e a bola de voleibol é mole.

quarta-feira, outubro 12, 2005

Desabafo de um chato

-Quando durmo bêbado costumo sonhar que sou o que sou.
-É o avesso do avesso, meu caro.


Espero não ter sido demasiadamente chato essa noite; sim, eu acabei de chegar em casa.
Gostaria que relamente entendam que não discuto tudo isso em nossos simpósios com o intuito de magoar ou o dever de convencer: quero apenas testar. Ou melhor, testar-me.

Pois então replico mais algumas coisas...

Creio que ficou um tanto no ar a questão de "se você não acredita em nada disso, quer dizer que você não vive nada disso".
Não. Definitivamente, não.
Há aqueles que questionam a homeopatia acusando-a de placebo. Trataria-se de algo que, por apenas acreditar em sua eficácia, terminaria por tornar-se eficaz; não teria, enfim, nenhum efeito direto no organismo, mas antes de tudo o efeito do próprio organismo acreditando em sua cura.
Pois eu pergunto: qual o problema nisso?
Não acredito em diversas coisas, mas elas me confortam. E, exatamente por ponderar sobre sua real eficácia ou seu papel cultural em nossas vidas, aprendo a utilizá-las a meu favor. Explico-me.
Não acredito em vida pos mortem ou coisas do gênero. Diante disso, funerais, lápides ou inscrições perderiam o sentido pra mim, certo?
Errado.
Digo uma coisa (e que não costumo dizer para muitos): assim que terminei minha monografia, uma das primeiras coisas que fiz foi reservar uma cópia para meu falecido avô. Coloquei-a sobre seu túmulo e lá está até hoje. Mas porque? Porque isso ME conforta, eu digo. É exatamente por reconhecer o papel social em se separar um corpo putrefato que aprendo a valorizar isso; MINHA forma de ME sentir tranquilo, próximo a alguém ao qual já não posso mais estar.
Ou seja, um nítido exemplo de efeito placebo.
E agora eu pergunto: qual o problema nisso?
Ainda que pondere "racionalmente" sobre esse aspecto "emocional" das coisas, elas continuam surtindo efeito sobre mim; "racional" ferindo o "emocional"? Pois digo que não: buscar compreender pode nos ajudar a fazer uso ao máximo da eficácia dessas pequenas oportunidades que nos são oferecidas e por vezes não percebemos sua importância.
Não quero/devo retomar o assunto dos relacionamentos, mas creio que ficara subentendido nessas poucas linhas.
Homeopata ou halopata, placebo ou químico, qual a diferença? Enquanto surta efeito (ou seja, cause-me prazer) pretendo continuar praticando tais ações.
Não acredito que meu anel de formatura me encerre em algum espaço místico de transcendência, mas percebo que, com ele, sinto-me (e tudo é mera sensação) apto a certas atividades; pois então, qual o problema nisso?
Usemos de pactos enquanto nos causem o prazer do placebo, mas estejamos aptos e tranquilos em descartá-los a partir do momento em que já não funcionem mais.

Os senhores tirem suas próprias conclusões.